Os números não mentem: nos últimos 20 anos, os afastamentos por transtornos mentais relacionados ao trabalho cresceram 134% no Brasil, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Isso significa mais colaboradores afastados, perda de produtividade e aumento nos custos para as empresas.
Em tempos de turnover elevado, dificuldade para atrair talentos e colaboradores cada vez mais sobrecarregados, ignorar a saúde mental no trabalho deixou de ser um problema humano, tornou-se um risco estratégico para o negócio.
1. O impacto real no desempenho e no caixa
Não se trata apenas de bem-estar. A negligência com a saúde mental tem reflexos diretos nos resultados da empresa. Entre os principais impactos estão:
- Aumento de absenteísmo e presenteísmo;
- Perda de produtividade em equipes sobrecarregadas;
- Turnover elevado e maior dificuldade de retenção de talentos;
- Elevação dos custos com benefícios e afastamentos.
Segundo dados do Ministério Público do Trabalho e da OIT, só em 2024 foram registradas 8,8 milhões de ocorrências de acidentes de trabalho e mais de 32 mil mortes em empregos formais. Ansiedade, estresse e depressão já estão entre os principais motivos de afastamento — e o número tende a crescer.
2. De campanhas a soluções reais
O Setembro Amarelo é importante para trazer o tema à tona, mas não resolve sozinho. Empresas que se limitam a ações pontuais, como palestras ou campanhas internas, não conseguem enfrentar o problema de forma eficaz. É preciso ir além e implementar programas estruturados de bem-estar e apoio psicológico.
Algumas iniciativas estratégicas incluem:
- Programas contínuos de apoio emocional: psicólogos, terapia online e canais de escuta.
- Treinamento de líderes e gestores para identificar sinais precoces de esgotamento.
- Políticas de prevenção: gestão equilibrada de jornadas, pausas e incentivo ao descanso.
- Comunicação aberta: criar espaços seguros para diálogo, sem estigmatizar quem pede ajuda.
3. O desafio de incluir terceirizados e trabalhadores da linha de frente
Um dado crítico: trabalhadores terceirizados, temporários e operacionais têm menor acesso a programas de saúde mental, justamente onde os índices de esgotamento são mais altos.
Por exemplo, profissionais da área hospitalar viram os afastamentos por questões emocionais saltarem de 1,2% em 2012 para 10,2% em 2024 (Mundo RH). Ignorar esse grupo aumenta desigualdades internas, gera sobrecarga e prejudica os resultados da empresa.
4. Investir em saúde mental é investir no negócio
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, investir em programas de saúde mental melhora o clima organizacional, aumenta a produtividade e reduz custos. Além disso, ajuda na retenção de talentos — um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas.
Empresas que criam uma cultura de cuidado constroem equipes mais engajadas, reduzem riscos de afastamentos e fortalecem sua marca empregadora.
Conclusão
Ignorar a saúde mental no trabalho não é mais uma opção. As empresas que não agirem agora vão enfrentar perdas cada vez maiores: produtividade comprometida, custos elevados e dificuldade para atrair e reter talentos.
Seja estratégico. Não espere o próximo setembro: comece hoje a transformar a cultura da sua empresa.