A partir de maio de 2026, a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) exigirá que todas as empresas no Brasil incluam os chamados riscos psicossociais em seus programas de segurança e saúde no trabalho.
Essa mudança marca o momento em que saúde mental e bem-estar emocional deixam de ser “diferenciais” nas organizações para se tornarem uma obrigação legal.
O que são riscos psicossociais
Riscos psicossociais são condições presentes na organização e na gestão do trabalho — e não agentes físicos, químicos ou biológicos — que podem afetar a saúde mental e emocional dos trabalhadores.
Entre os principais fatores identificados pela norma e especialistas, estão:
- Pressão excessiva e metas inalcançáveis.
- Sobrecarga de trabalho e prazos incompatíveis.
- Estresse ocupacional e risco de burnout.
- Assédio moral, falta de apoio da liderança, isolamento ou cultura de hiperconectividade.
- Falta de reconhecimento, escassez de autonomia e ambiente com comunicação falha.
Esses elementos, se negligenciados, podem gerar adoecimentos, queda de produtividade, absenteísmo e comprometer tanto o bem-estar do colaborador quanto os resultados da empresa.
O que muda com a NR-1 a partir de 2026
- A NR-1 passa a exigir que o programa de Gestão de Riscos Ocupacionais (GRO / PGR) inclua os riscos psicossociais, ao lado dos riscos tradicionais (ergonômicos, físicos, químicos etc).
- As empresas serão obrigadas a mapear, avaliar e, se identificados riscos, implementar planos de ação com medidas preventivas e corretivas.
- Ainda que a fiscalização comece em 2026, o período até lá representa uma “janela estratégica” para as empresas se prepararem com calma — com vantagem para quem agir antes.
Por que a adequação antecipada é estratégica (e ética)
Antecipar-se à exigência legal traz benefícios concretos:
- Redução de afastamentos e adoecimentos — dados apontam que os afastamentos por transtornos mentais têm crescido de forma expressiva.
- Melhoria do clima organizacional, engajamento e retenção de talentos — empresas que cuidam da saúde mental tendem a ter colaboradores mais satisfeitos e produtivos.
- Cultura de segurança psicológica e responsabilidade social — tratar saúde mental como parte da SST demonstra compromisso real com pessoas, fortalecendo a reputação da empresa.
- Redução de riscos legais e de compliance — negligenciar esse novo requisito pode trazer consequências trabalhistas e de imagem.
Como as empresas podem se preparar: boas práticas para mapear riscos psicossociais
- Diagnóstico do ambiente de trabalho — realize pesquisas de clima, entrevistas, use canais de denúncia/anônimos, escutas ativas para identificar possíveis riscos ou fatores de estresse.
- Integrar os riscos psicossociais ao PGR/GRO — atualizar o inventário de riscos ocupacionais para contemplar fatores emocionais, sociais e organizacionais.
- Capacitação de lideranças e equipes — promover treinamentos, sensibilização sobre saúde mental, conscientização sobre o que é assédio, burnout, estresse, comunicação empática.
- Políticas de prevenção e suporte permanente — canal de denúncias, apoio psicológico, gestão de carga de trabalho, revisão de metas, incentivo ao equilíbrio, respeito à individualidade e cultura de apoio.
- Monitoramento contínuo e revisão periódica — acompanhar indicadores de bem-estar, absenteísmo, clima, coletar feedbacks e ajustar as ações conforme necessário.
Em 2026, mapear riscos psicossociais deixará de ser uma opção para se tornar uma obrigação. Mas longe de ser uma imposição, trata-se de uma oportunidade para transformar a cultura do trabalho — de um enfoque puramente operacional para um olhar humano, estratégico e sustentável. A Extra Consult, com sua expertise em Segurança do Trabalho e RH, está em posição privilegiada para ajudar empresas a atravessar essa transição com consciência, responsabilidade e resultados concretos.





